terça-feira, 26 de outubro de 2010

OS CLICHÊS AINDA FAZEM PARTE DA MINHA VIDA.


A seção “meu querido diário” está de volta, depois ter lido o comentário que uma amiga de longa data [eita, já estou falando como meus pais] fez sobre o texto “Não leia, não vale a pena, é só mais um texto sobre relacionamentos”. Ela escreveu: “Quanto ao segundo texto, te digo que vale sim a pena ler e refletir. Só na tua cabeça mesmo que tu não é romântica, viu? Igualzinha a mim só que não sabe. [...] ” Também acho que eu sou romântica, mas a minha maneira, sempre preferi o singelo e o verdadeiro em detrimento do rasgado e sazonal. Então resolvi postar um texto que escrevi em 03/08/03. Ele foi escrito em guardanapos na mesa do “Frei Burguer”, um lanche que eu gostava de ir em Teresina, porque nessa época ainda não havia cultivado o bom hábito de sempre levar comigo um caderninho de anotações. Apesar de achar que muito desse texto não se parece mais comigo, muito ainda parece....acredito que mudei menos do que pensei e mais do que eu queria, mas de uma coisa eu tenho certeza: os clichês ainda fazem parte da minha vida.

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Apesar das pessoas não perceberem, sou romântica até não poder mais, acredito no amor eterno, acho a idéia do casamento ótima e tenho certeza absoluta de que nasci para ser mãe. E assim como a maioria das mulheres quero alguém, que me desperte de madrugada só porque mal pode  esperar para ouvir minha voz, que  mande flores só porque é quarta-feira e que me faça sentir a pessoa mais importante mesmo não sendo, que me trate bem  e que diga que é por minha causa que agüenta os dias ruins. Bem, mas  não sou exatamente a garota romântica que fica atrás da vidraça da janela olhando o céu e pedindo às estrelas que tornem seus sonhos realidade.
Longe disso! Sonho, sim, e muito. Mas corro atrás do que quero, mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis. No entanto, não chego a dar murros em ponta de faca. Meu senso de realidade é suficiente para me fazer reagir e partir para outra, quando as coisas não dão certo, mesmo que acabe sofrendo. Mas passar meses, anos da  vida, chorando no travesseiro por causa de um amor perdido não é muito do meu feitio.
Mas, às vezes, acho que definitivamente, eu não tenho nada da mocinha casadoira e romântica. Sou muito prática, tenho os dois pés no chão e sei muito bem o que quero da vida. Vou à luta, saio com seus amigos, viajo, estudo, batalho pelo que quero. Mas será que realmente sei o que quero? Estou passando por um momento em que eu estou muito perdida mas quando começo a pensar sobre os meus vinte anos percebo que não é um momento apenas porque eu nunca me encontrei, estou perdida, é um fato, mas sei que não sou a única a estar perdida, deve ter outras pessoas, por aí, também perdidas assim como eu.
Não sei mais quais são minhas certezas e nem minhas dúvidas, elas se fundem, sou tão cética que não sei do que realmente desconfio. Mas tenho uma certeza: não se pode viver em um conto de fadas, não existe príncipe encantado e estou longe de ser uma cinderela, talvez toda essa história de amor seja apenas “uma versão do Papai Noel para os adultos”, não existe esse amor holliwudiano.
Não tenho dúvida: na minha receita de vida, o romantismo ficou mesmo de fora. Como ficaram de fora os imprevistos, as paixões inesperadas, as emoções que podem brotar de repente, vindas não se sabe de onde... Talvez fosse bom eu não levar tão a ferro e fogo as minhas convicções e o meu poder de dirigir a vida para onde quiser, como bem entender, porque o inesperado pode fazer uma surpresa, mas assim  como Luís Fernando Veríssimo também desconfio do destino e acredito mais em mim.
Ou talvez eu seja uma frustrada que nunca foi muito boa com os homens por causa das minhas próprias neuroses e por isso fujo da realidade, mas  tive tudo o que quis no meu mundinho, e não foi real, por isso continuo infeliz a maior parte do tempo, perdi a chance de ser feliz por minha  culpa, por causa do meu medo exacerbado, por minha  confusão sem limites, enfim por minha  covardia de ser feliz, de me  entregar, minha confiança camuflada que confia desconfiando, porque nunca amei, “quase amei”, só que não existe quase amar, então na verdade eu não amei ou amei e não desconfiei que amei porque ainda não percebi o que é amar.
Por isso me descuidei das coisas velhas, dos meus princípios, tentando coisas novas mas não preciso tentar coisas novas porque não preciso mudar. Quero alguém mas não qualquer um, quero alguém que me prove que me merece e pode ser meu.
É muito complicado, sou cheia de clichês.

2 comentários:

  1. Ei Alê, não queira descobrir quais suas dúvidas, dê-se por feliz em saber que elas existem, muito mais que as certezas, pois estas sim, são sazonais. Certifique-se de que os príncipes eram mesmo sapos e estes ainda estão encantados em algum lagozinho desse mundo de meu deus... vale a busca, e quando achar, jogue-se de cabeça, vale a pena... você pensa que não é romântica mas deixa a porta da alma entreaberta. Garota esperta. Ah, príncipes existem de fato, só que às vezes os sapos somos nós.

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  2. .: Nancy, adorei o comentário, nunca havia pensado pelo anglo que vc me mostrou, acho que eu devo ter sido o sapo de alguns princípes, ou talvez eles não existam. O que vc acha? Eles existem? Ontem tava conversando com um amigo e ele foi uma das poucas pessoas que concordou comigo sobre o fato de escolhermos de quem gostamos: vc observa as características e se ela cabe nos seus sonhos, se atende suas expectativas, vc deixa a porta aberta e com o tempo vai vendo se é ou não do jeito que vc vislumbrava anteriormente, ai vc vai gostando mais ou desgostando, mas conforme suas expectativas, vc escolheu ela. Por quê vc deu a chance para aquela e nao para outras? vc dá a chance pra uma nao signifca que nao haja outras interessantes, mas... você fez uma escolha, não? Assim com base nessas expectativas satisfeitas ou frustadas, você será um sapo ou um princípe...:. :S

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