Quando faço conexões no aeroporto de Brasília, sempre observo coisas estranhas,muito estranhas, estranhíssimas, mas na maioria das vezes acontece com os outros, sou uma mera observadora, no entanto nesse dia em particular, uma dessas coisas estranhas aconteceu comigo, e eu de mera “voyer” passei à personagem principal do episódio. Sentados a minha frente, se encontrava uma família: a mãe entre os filhos, o menor sentado ao lado direito e a maior ao lado esquerdo. A mãe estava com o dorso quase que completamente virado para a filha, olhando com bastante atenção um celular rosa-pink de última geração sem a menor preocupação com o filho, para quem davas às costas, e devia ter em torno de 6 anos, ou seja, já não era tão criança assim, nele possivelmente já estavam [ou ao menos já deveriam estar] formados os julgamentos de valor sobre o certo e o errado, o que pode e o que não pode.
Como de costume, estava cheia de tranqueiras [mochila, minha bolsa, uma maletinha com minha máquina e uma latinha de coca-cola em mãos] [é difícil largar vícios, principalmente os antigos e mais gostosos]. Estava preocupada, o aeroporto estava caótico, não sabia mais se realmente estava no portão certo, e nem mesmo tinha noção de onde iria embarcar, deixei minha coca-cola ao lado da minha mochila na mesa ao lado da cadeira onde estava, o trajeto entre o local onde estava sentada e a atendente da empresa aérea era ínfimo, quando retornei ao assento e não demorei muito, minha coca havia sumido, fiquei p..., ou seja, com muita raiva, logo em seguida quando olho para frente o que eu vejo? Uma mulher com um celular rosa-pink da Motorola [uma das marcas mais difíceis de manusear, diga-se de passagem] tentando aprender com a filha como usá-lo, sem se preocupar com o filho menor ao lado, que nesse momento segurava uma latinha de coca-cola.
Logo percebi que a coca que aquele menino tinha em mãos era a minha, ele estava com a minha coca, bebendo no meu canudo. A vontade que eu tive foi de ir lá e dizer: Menino, devolve minha coca! Esse não é o tipo de comportamento compatível com a minha natureza, me trocar com uma criança de no máximo 6 anos que inclusive pode ter babado no meu canudo [sou ligeiramente muito fresca com essas coisas]. No entanto, não consegui não olhá-lo com olhar de censura e ele, deixou transparecer que sabia que o que tinha feito era errado, uma vez que tratou de esconder rapidamente a coca, nas costas, e fez uma cara de “mamãe, sou inocente”, continuei com o olhar de censura e ele fez menção de choro, sem reação, parei e ele voltou a tomar a coca como se ela fosse realmente dele. Isso me deixou mais enervada.
Novamente, estava sem reação, sem saber o que fazer, não sabia se ia falar com a mãe daquele menino, ou não, mas o que falar? Será que diria a ela que deveria prestar mais atenção ao filho, que se ele tomou a atitude de pegar aquela latinha de coca que pertencia a outrem, no futuro poderia pegar qualquer outra coisa? Que seu filho tinha infligido uma regra social básica ao pegar minha coca? Acredito que se realmente tivesse feito isso, ela me responderia desaforadamente que aquilo não era da minha conta, apesar da coca ser minha, que quem era a mãe era ela e que sabia exatamente como educava o filho. Então pensei, vou lá e digo: Olá, boa tarde, me chamo Alexandrina, estou em Brasília por motivos de saúde, me tratando no Juscelino Kubitschek e seu filho pegou minha lata de coca, ao fazer isso, ele compartilhou do meu canudo, por isso corre o sério risco de ter pego algumas doenças: tuberculose, herpes, cólera, diarréia dos viajantes, doença de Chagas,encefalopatia espongiforme transmissível ("doença da vaca louca"), febre tifóide, hepatite A, hepatite E, leptospirose, poliomielite, toxoplasmose, verminoses....aconselho que ao chegar em sua cidade faça uma bateria de exames nele.
Esse comportamento, sim, seria extremamente compatível com a minha natureza, mas infelizmente fui embora sem falar nada para aquela mulher e me arrependo muito disso, até hoje. Por trás dessa história real, há uma questão que deve ser exaustivamente discutida,a questão educacional, que se encontra entre uma das minhas temáticas preferidas, e com frequência vem povoando minha mente, fazendo parte de uma porcentagem considerável dos meus pensamentos. E um dos fatos que me levou a pensar sobre, foi esse acontecimento no aeroporto de Brasília. Eu não entendo porque certas pessoas procriam, não entendo porque insistem em cuidar de terceiros se não tem capacidade de cuidar de si mesmo, acho que para ser pai ou mãe deveria existir um teste, se a pessoa não conseguisse um média deveria reprovar e ser taxada de inapta ao exercício da paternidade-maternidade. Infelizmente, para ter filhos só basta o desejo.
Poxa, muito bom... envolvente... dinâmico... adorei... tudo isso para falar de procriação! Cê ver, como uma coca pode render tanto!!!!!! haahahahahahahaha
ResponderExcluirAdorei!!!!
ResponderExcluirEscreva mais, sempre!!! :)
Hum...dexe-me procurar as palavras...rs...para dizer o que eu achei do seu texto...rs...Eu adorei mocinha...uma escrita leve, instigante, dinamica e que nos dá muita vontade de continuar para saber logo como é que acaba. Gostei muito de reflexão que vc fez sobre a paternidade. Enfim, um texto muito bom e que certamente irei recomendar...quem sabe assim vc não fica mais estimulada e nos presenteia com outras gargalhadas como as que desfutei sozinho no aconchegodo meu lar...rs...
ResponderExcluirBeijão princeinha...
Carambaaaaaaaaaa!!! adorei! O que posso dizer?...teu texto trata de um tema sério, mas de forma engraçada, morri de rir aqui!!! bora escrever mais...depois ´cabe tudo num livro, heehe!!
ResponderExcluirisso foi uma indireta? heheheh....
ResponderExcluir.:Igor, tenho quase 100% de certeza de que você será um EXCELENTE pai!:. :))
ResponderExcluirGostei do seu texto e do seu blog Alê! Mas acho que você deveria ter falado p/ mulher a parte das doenças! rsrs
ResponderExcluirViciei. Agora trate de atualizar isso regularmente! Saudade de tu, coisa.
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