sexta-feira, 8 de outubro de 2010

NÃO LEIA, NÃO VALE A PENA, É SÓ MAIS UM TEXTO SOBRE RELACIONAMENTO.


Tentei adiar este texto,não apenas a materialização, até mesmo a possibilidade de escrevê-lo, mas não foi possível, as idéias rachavam meu juízo e a dor de não escrevê-lo, por vezes era física. Primeiro, porque eu não gosto e nunca gostei de  cartas de amor [o que não é o caso, mas trata de relacionamentos], geralmente são um copo de água com açúcar transbordando, e eu não sou o tipo de pessoa que aprecia isso [tenho vergonha alheia], mas durante as últimas férias, lendo “Cartas a Nelson Algren” de Simone de Beauvoir, percebi que o sentimento não é piegas, mas dependendo de como ele é escrito, pode ficar, no entanto também não deixa de ser mais ou menos sincero, mas claro que esse texto não tem a pretensão nem de longe de se comparar a nenhum dos textos dela, apenas de ser um desabafo de um sentimento que não cabe em mim. O segundo motivo da tentativa de abafar esse texto era para ver se o sentimento passava, porque todos diziam que ia passar, inclusive ele, [não porque eu achei que fosse passar, porque se há uma pessoa que eu conheço muito bem sou eu, parece até pretensioso falar isso, mas problemas existenciais nunca estiverem em nenhuma das listas de problemas que eu possa ter um dia feito] mas o “dito cujo” não passou, se transformou mas não passou e não posso guardá-lo em mim, tenho que materializá-lo para que concretamente possa guardá-lo na minha caixa de Pandora.
Esse é mais um dos muitos textos que tratam de uma experiência sentimental mal sucedida, nele não há nada demais, muitos vão se identificar e muitos vão dizer:  “sai dessa, esquece, abre uma skool, não vale a pena ficar pensando nisso”, mas esse texto não significa que estou dedicando muito do meu tempo a um relacionamento que já não existe, é apenas um ritual de passagem, exorcizando sentimentos não gratos em uma nova fase da minha vida. E eu sei que essas pessoas apenas tentam ajudar, porque teoricamente se você terminou um relacionamento, está mal,  mas acredito que esse tipo de pensamento não ajuda ninguém que saiu de um relacionamento fracassado. O que não significa que eu não concorde com elas, ao contrário concordo, mas não literalmente, quando um relacionamento não deu certo,você deve seguir e isso é uma das coisas que eu faço muito bem, seguir em frente, mas é impossível esquecer qualquer fase da sua vida de uma hora para outra, mas também não é impossível. Conto com uma qualidade que sempre me ajudou: as pessoas em qualquer tipo de relacionamento, seja ele amoroso ou de amizade, entram de uma maneira fácil na minha vida, mas também saem de maneira fácil, principalmente se não me fazem bem. E agora me pergunto: onde eu morei nos últimos dois anos? quem conheci? Faço um esforço grande para lembrar, adoro minha amnésia seletiva.
 Por um período maior do que eu poderia me imaginar com outra pessoa, me apaixonei, não me apaixonei de imediato, esse sentimento veio dia-a-dia, ao observar a pessoa que ele era, tinha muito orgulho do homem que via nele e era grata por estar ao meu lado. Ele era meu melhor amigo, meu namorado, mas era bem mais do que isso era meu companheiro, como ele mesmo falava. Nunca achei que iria encontrar uma pessoa com os valores dele, é tão raro.Para a minha surpresa, esse relacionamento teve um fim, que me pegou totalmente desprevenida, tomei consciência de coisas que até aquele momento não estavam entre as coisas que sabia sobre o nosso relacionamento. Banalidades e falta de comunicação contribuíram para o fim, é surpreendente quando você acredita estar agradando a pessoa que teoricamente é a pessoa com quem você tem mais intimidade no mundo e ele acredita que você não faz nada, que a inércia é seu nome do meio, e na verdade, para ele, você era a pessoa mais estranha do mundo. Em um só dia, você vai de um extremo a outro.
Acreditava que tínhamos um relacionamento extremamente franco, que podia dizer tudo a ele e que ele me dizia tudo, sem que nossos pensamentos passassem pelo filtro do convívio social, em que nem tudo pode ser dito ou conversado. Engano meu, ele nunca foi claro, mesmo quando eu estava aberta a conversar de tudo, e eu estava iludida, nós não tínhamos um relacionamento perfeito, ele escondia muitas coisas e preferiu falar com terceiros, amigos dele [não há nenhum problema nisso], a falar comigo [o que é um grande problema], ou pior, preferiu falar com uma amiga minha com quem não tinha nenhuma intimidade, [mas não conversara sobre ele, ou sobre o relacionamento, conversara sobre mim, coisas íntimas] a conversar com a pessoa com quem passou dois  anos, e para piorar de maneira transparente como nunca o fizera comigo. Hoje, percebo que transparência é para poucos e precisa querer, ela vem junto com a sinceridade e ele deixou a mostra que  nunca quisera isso, nem trasparência, nem diálogo. Poxa, vivi um relacionamento falso, uma ilusão. Meu castelo ruiu.
Nesse ponto, acho que vou assumir meu aristotelismo e transpor a idéia desse estagirita para o meu relacionamento, assim como ele acredita que só pode afirmar com certeza se um homem é honrado depois de sua morte, quando sua trajetória já estiver sido percorrida, acho que só  se pode ter certeza se você realmente teve um relacionamento após o fim. O meu nunca existiu. Me arrependo profundamente,se pudesse voltar o tempo....ele seria uma pessoa com quem não teria me relacionado, antes pensava dessa maneira porque não conseguia parar de sentir raiva, muita raiva de certas coisas, e nesse momento faço um esforço para não usar a palavra ódio, que agora poderia parecer forte demais e, até desnecessário, mas o sentimento não é mais esse. Sempre fui uma pessoa de esperar pelas voltas que a vida dá, pacientemente, dessa vez, eu não vou esperar o mundo dá voltas e voltas, não me interessa mais!
Não sou o tipo de pessoa que mesmo estando mal, finge está bem, mas também não sou o tipo de pessoa que para a vida por um relacionamento mal-sucedido. Mas acredito que foi melhor sair da névoa de dúvidas e saber o que "realmente" aconteceu no fim do meu namoro, embora tenha sido por terceiros, a minha noção de “meu amor perfeito” se desfez, despertei  e isso fez com que “o jeito de levar a vida para frente” ficasse diferente, depois que a raiva passou foi mais fácil de esquecer, veio a indiferença. E nesse caldeirão de sentimentos do fracasso desse relacionamento, parei de pensar nos relacionamentos que terminaram de maneira ruim, e lembrei dos que terminaram, mas o sentimento de bem-querer misturado com admiração e respeito continuou, percebi que estes últimos existem, e não são poucos. E o problema não foi terminar, mas a maneira como terminou, queria ter tido o tratamento que merecia, e não tive. No fim, consideração e sinceridade não foram palavras-chaves.

Nenhum comentário:

Postar um comentário