É difícil entender e aceitar a perda de um ente querido que é a pior das dores, nenhuma dor física por mais dolorosa que seja se compara a perda de uma pessoa de quem se gosta. Não há a melhor maneira de lidar com ela, as pessoas lidam com a dor de maneiras diferentes, mas o melhor é não fugir, não arranjar escudos contra o sentimento que se sente, seja de revolta, tristeza ou decepção. A morte mesmo quando esperada é aterrorizante e mais ainda quando inesperada: você acorda achando que é mais um dia, como todos os outros, e deixa de fazer ou de dizer coisas que você pode dizer depois, na próxima semana ou no próximo mês..., e com uma notícia percebe que foi lhe tirado a possibilidade de dizer ou fazer coisas que deviam ter sido ditas e feitas.O cérebro e o coração não estão preparados para lidar com algo assim: perder uma pessoa querida, de repente e sem explicação. E no curso do dia-a-dia algumas negações fazem parte, a ponto de se fechar os olhos achando que aquilo não está acontecendo, que é só um sonho ruim, e vai passar. A saudade e o saudosismo nunca vão passar principalmente para a família, para os que eram próximos, que durante a vida compartilharam planos e sonhos. Não sei porque motivo as coisas acontecem, não sei porque certas pessoas se vão,não sei se “Deus se manifesta misteriosamente”, não sei se “as pessoas se vão porque cumpriram seu papel”, desconheço qualquer explicação para a morte, apenas sei que para mim, elas são insubistituíveis e, por mim, nunca serão esquecidas. É uma situação muito difícil de se passar, e é impossível evitar as lágrimas e a tristeza, e qualquer palavra de conforto na verdade não conforta, que às vezes o dia-a-dia piora porque a saudade da companhia e das pequenas coisas é imensa, mas força, é necessário, sei que “ninguém que se foi” ia gostar de ver “alguém que ficou” sem forças para continuar.
Meu Juízo Tá Rachando
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
2011 TEM LISTA!!
Sempre fui muito adepta de listas, na verdade eu sou maníaca por listas, adoro uma lista, desde a lista de supermercado até a lista do que vou fazer durante o dia, às vezes nem saio de casa sem uma pequena listinha, mas as listas de Natal e muito menos as de Ano Novo estiveram entre as lque eu mais gosto e deviam estar, porque na verdade quando se pensa em Natal, se pensa na lista de presentes e quando se pensa em ano novo, se pensa em recomeço, na lista das coisas que você quer realizar, na listas das coisas que você quer fazer de diferente no novo ano que não fez no que passou. Ou seja, o fim do ano é sinônimo de balanço, e esse ano eu resolvi fazer essa tal lista, eu resolvi fazer esse balanço.
[...]
O que eu tenho a dizer sobre as minhas listas e o meu balanço é: lá vai 2010 indo embora e eu estou terminado o ano de bem com ele, sem nenhuma conta, sem nenhum plano não realizado para tentar em 2011, para esse ano novo, eu tenho planos novos, muitooooooooooos.... ou planos velhos que são uma continuação de 2010 então continuam sendo planos novos. Que venha 2011, estou ansiosa por ele porque quero realizar tudo que eu planejei seja na minha mente ou em mais uma das listas bobas que eu faço.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
SABEDORIA DE MÃE- II !!!!
"Minha filha, espero que encontre tudo o que você procura ...... ".
(palavras da minha mãe)
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
A CONSTRUÇÃO DO MEDO NO FILME "PSICOSE" DE ALFRED HITCHCOCK.
O medo é um sentimento essencial para o ser humano, associado ao instinto básico da sobrevivência, e a indústria cinematográfica diante da importância e do fascínio dessa sensação apropriou-se criando o produto do terror. Ao assistir filmes de terror ou suspense, a sensação do medo vêm associada a uma outra sensação, o prazer que pode ser explicada pela via biológica, ou seja, quando assistimos um filme que nos provoca medo, o cérebro libera neuro-hormônios e neurotransmissores, que vão auxiliar na condução de dopamina, endorfina e adrenalina para o sangue como forma de proteger o organismo.Mas não se trata de medo real, mas de um filme, então o cérebro sabe que é ficção, que não se trata de realidade,assim suspende a produção de tais substâncias, em outras palavras, a dopamina liberada nos dá uma sensação de alerta diante do medo da situação, mas em seguida é corta e nos provoca sensação de prazer.
Dentre as várias fases do gênero suspense-terror, a indústria do cinema conseguiu arrecadar montantes significativos com filmes denominados “slasher”, um popular sub-gênero desse tipo de filmes, posterior a “Psicose" (Psycho, 1960) de Alfred Hitchcock, considerado como diretor "mestre do suspense".Tal gênero embora inspirado no mestre do suspense, não possui a mesma qualidade de seus filmes, geralmente possui assassinos psicopatas que matam de maneira aleatória, sem o rigor de Hitchcock pecando por uma produção sem roteiro, atuação fraca, além da edição, fotografia e música igualmente fracas, mostrando muito sangue e por essas características considerados um terror de segunda categoria, “um terror B”, tais elementos distigue-os explicitamente dos filmes de Hitchcock.
No entanto, vale a pena ressaltar que a intenção desses filmes não é se consagrar como um terror de primeira categoria,mas realmente se consagrar como terror B, por isso normalmente realizados com baixo orçamento, mas obtendo um retorno incrível. Tais filmes possuem como princípio básico um serial killer com máscara ou fantasia que vai coletando vítimas ao longo do filme, tendo sua identidade revelada no fim após ter fugido constantemente da protagonista que o mata. O percursor clássico desse tipo de filme foi "Halloween", de John Carpenter, com todos os clichês desse tipo de filmes
O roteiro de “Psicose” foi escrito por Joseph Stefano, a partir de um livro de Robert Bloch, inspirado no "serial killer" Ed Gein para criação do psicótico Norman Bates. Gein foi um assassino famoso pela sua crueldade em em Winsconsin (EUA), em meados dos anos 50, ao matar pessoas de maneira violenta, arrancando sua pela e usando pedaços do corpo das vítimas como utensílios domésticos. Outros filmes também se inspiraram no caso “Ed Gein” como "The Texas Chain Saw Massacre", dirigido em 1973 por Tobe Hooper, e "The Silence of the Lambs" (1991), na concepção do serial killer Buffalo Bill, além de um filme chamado "Ed Gein" que conta a vida dele.
Robert Bloch (1917-1994) não era um escritor desconhecido, ao contrário, era um nome conhecido no período do cinema fantástico, escrevendo vários filmes e episódios para séries de TV de horror e ficção científica como « Alfred Hitchcock Presents » (1955), « Thriller » (1960), « Star Trek » (1966), « Night Gallery » (1970), « The Black Room Mystery »(1981) e « Tales from the Darkside » (1984), «The Deadly Bees » (1966), «Torture Garden » (1967), «The House That Dripped Blood » (1970), « Asylum » (1972) et les productions télévisuelles « The Cat Creature » (1973) e « The Dead Don't Die » (1975).
Apesar de fugir à todos os padrões cinematográficos, “Psicose” recebeu quatro indicações ao "Oscar", nas categorias de "Melhor Diretor", "Melhor Atriz Coadjuvante" (para Janet Leigh), "Melhor Fotografia" e "Melhor Direção de Arte", mas não ganhou nenhuma das estatuetas para as quais teve indicação. No entanto, se “Psicose” não teve o reconhecimento do tapete vermelho, teve o reconhecimento do público, o que foi demonstrado nas bilheterias, foi investido um montante de 800 mil dólares e o flime faturou 50 milhões de dólares nas bilheterias do mundo inteiro, mas não parou aí, após o clássico Psicose,foram realizados "Psicose II, Psicose III e Psicose IV: A Revelação.
A história é simples, então que faz de “Psicose” um filme surpreendente?
Na verdade, não fica claro se o roubo por Marion aconteceu realmente para que a garota realizasse o sonho de ser a Sra Loomis, ou por um outro motivo que talvez tenha sido um motivo-meio que tenha a encorajado a realizar o roubo pelo outro motivo já explicado. Ao chegar ao escritório,após um encontro com o namorado no horário de almoço, ela queixa-se de dor de cabeça e uma amiga [detalhe que a atriz que faz a amiga é a filha de Hitchcock] oferece uma aspirina já que a moça queixou-se de dor de cabeça, nesse momento o milhonário texano a assedia, percebe- se que a personagem sente uma certa revolta ao ser assediada pelo milhonário A questão que se coloca é a seguinte: ela é vítima, ou apenas uma ladra que quer se dar bem na vida?
A história é simples, então que faz de “Psicose” um filme surpreendente?
Na verdade, não fica claro se o roubo por Marion aconteceu realmente para que a garota realizasse o sonho de ser a Sra Loomis, ou por um outro motivo que talvez tenha sido um motivo-meio que tenha a encorajado a realizar o roubo pelo outro motivo já explicado. Ao chegar ao escritório,após um encontro com o namorado no horário de almoço, ela queixa-se de dor de cabeça e uma amiga [detalhe que a atriz que faz a amiga é a filha de Hitchcock] oferece uma aspirina já que a moça queixou-se de dor de cabeça, nesse momento o milhonário texano a assedia, percebe- se que a personagem sente uma certa revolta ao ser assediada pelo milhonário A questão que se coloca é a seguinte: ela é vítima, ou apenas uma ladra que quer se dar bem na vida?
Marion Crane (Janet Leigh) trabalha em um escritório imobiliário em Phoenix, Arizona, e acaba de fechar um negócio no valor de US$ 40 mil, quantia que para a época era extremamente significativa. E seguindo o sonho clássico das mulheres dos anos 60, em que o casamento era o objetivo de realização pessoal da maioria, ela não fuigiu à regra e também queria realizar tal sonho, queria casar-se com o namorado Sam Loomis (John Gavin),no entanto tal sonho não tinha sido concretizado até aquele momento em virtude das condições financeiras do casal, apesar dele possuir uma pequena loja de ferragens.
Marion com a responsabilidade de depositar o valor em dinheiro, opta por fugir rumo ao encontro do namorado, que não sabia de nada. Depois de fugir horas a fio juntamente com o espectador que a acompanha, de maneira tensa, passando por uma situação em que pode ser desmascarada, na qual um policial pede seus documentos na estrada, a personagem “principal” resolve descansar, parando no meio do caminho na pequena cidade de Fairvale, onde se hospeda no "Bates Motel”.
Já no início do filme, a música é um elemento importante na criação do mecanismo do medo para o espectador, criando um clima de perigo, além de outros elementos como a chuva torrencial, a estrada escura, o pára-brisa que possui movimentos ritimados como se acompanhasse a música, a claridade do letreiro luminoso do hotel ofuscando a vista de Marion...E esses elementos que se encontra ao redor do hotel escolhido por ela, já nos conduz a imaginar que há bem mais do que o roubo de uma firma por uma de suas funcionárias. O medo é latente para personagem preocupada com suas ações recentes, mas para o espectador, ele está sendo plantado e cresce pouco a pouco.
E esse opção de descansar nesse estabelecimento desencadeia a trama, porque ao se hospedar, Marion conhece o dono do hotel, Norman Bates (Anthony Perkins) detentor de uma aparência inofensiva que depois revela ter uma personalidade psicótica envolvido por uma relação doentia com sua mãe. E já nesse momento da chegada, a personagem ouve uma discussão entre ele e a mãe.
Após o incidente, os personagens inciciam um jogo de sedução: ela se encontra consciente do interesse que tem pelo rapaz, mas ele tenta esconder o interesse que teve pela moça. Mesmo assim os dois jantam juntos, em uma sala repleta de aves empalhadas, e Norman explica que esse é seu hobby que ele tem prazer em lidar com esses animais que se encontram em uma situação de passividade.Como em todo jogo de sedução, eles conversam sobre si mesmos, expondo-se um para outro. Em virtude da conversa, Marion pensa no que fez, no roubo e resolve que no dia seguinte irá voltar e devolver o dinheiro roubado, ou seja, a “pseudo-heroína” se redime, mas na verdade não haverá tempo para que essas ações sejam concretizadas.
No jantar entre os personagens, muitos aspectos do psicológico de Norman já são mostrados a um espectador mais atento. Ele possui muita dificuldade de lidar com os desejos. Desde o instante em que conhece Marion, ele a deseja, mas é um desejo recalcado e platônico uma vez que ao mesmo tempo sente que está traindo sua mãe, e assim a única possibilidade de chegar mais próximo da concretização desses desejos é espioná-la, com o rosto colado na parede, observando-a por um buraco na parede do escritório onde jantaram que dá para o quart dela, ele é apenas um voyer já que não pode concretizar efetivamente tais desejos, porque a culpa não permite.
A cena seguinte é a do assassinato da personagem. A personagem está de costas, deixa o robe cair na privada, mostra pouco do corpo, a água começa a cair sobre o corpo da moça, que em um momento faz movimentos bruscos com o sabonete como se quisesse se limpar, como se estivesse suja por causa do roubo. De costas para a porta, apenas nós, os telespectadores, através da cortina transparente conseguimos ver que a porta se abre e que um vulto adentra abrindo a cortina e levanta uma faca. Nesse momento, o espectador que era cumplice da personagem, se torna cumplice do assassino. Marion vira, grita, a música começa e a faca faz movimentos de subida-descida sobre o corpo dela. O vulto desaparece com a mesma velocidade com que aparecera, mas a cena é de Marion, que agoniza, deslizando pela parede e com o sangue escorrendo pelos pés até o ralo. Ainda consegue apoiar-se na cortida, que se rasga, e só visualisamos o olho aberto do cadáver de Marion. Ela é assassinada após o jantar, após sua redenção, mas quem é o/a assassino/a?
Sobre tal cena, do banheiro, na entrevista que o “mestre do suspense” concedeu a François Truffaut diz: “A filmagem das punhaladas em Janet Leigh durou sete dias e houve setenta posições de câmera para 45 segundos de filme. Para esta cena, foi fabricado um maravilhoso torso artificial com o sague que devia jorrar sob a faca, mas não me servi dele. Preferi utilizar uma moça, um modelo nu, que dublava a atriz. De Janet, só se vê as mãos, os ombos e a cabeça, todo o resto é com o modelo. Naturalmente a faca jamais toca o corpo, tudo é feito na montagem. Jamais se vê uma parte tabu do corpo da mulher, pois filmamos certos planos em câmera lenta para evitar ter os seios na imagem. Os planos filmados em câmera lenta não foram acelerados depois, pois sua inserção na montagem dá a impressão de velocidade normal”.
Assim, com a morte da personagem que considerávamos a principal no primeiro de 1/3 do filme, percebemos que o filme não trata da história de Mariom. No início do filme, o espectador pensa que a protagonista principal é Marion, mas após sua morte, o filme possui uma reviravolta e o verdadeiro protagonista não é a mocinha que morre, mas o vilão. Essa morte de maneira violenta, causa um impacto ao espectador que percebe que a trama sofreu uma mudança, ou seja, o mistério não começa quando a garota cometeu o assalto e fugiu, mas começa quando a garota, que cometeu um assalto e fugiu, morreu. E à sua procura estão sua irmã Lila Crane (Vera Miles), o namorado de Marion, Sam, e o detetive particular Milton Arbogast (Martin Balsam), contratado para investigar o caso antes que a polícia se envolvesse no caso, mas mal sabem que Marion já está morta, na consagrada "cena do chuveiro". Mas ela não é a única vítima, o detetive se torna outra vítima em uma cena também celebre desse filme intitulada a "sequência da escadaria".
O filme apresenta poucas cenas de violêcia, uma vez que seu roteiro tem por prioridade o suspense psicológico que na época causou grande repercussão no público em choque, além de manifestações de protesto por parte dos moralistas americanos como boicotes organizados contra o filme. Essa cena em que Marion é assassinada, surpreendida pelo psicopata no banheiro, enquanto tomava um banho de chuveiro se tornou uma das mais famosas e conhecidades cenas de assassinato da história do cinema, até mesmo quem nunca assistiu o filme, conhece a cena, tal sua populariadade. Como já mencionado, outra cena clássica de assinato no filme, mas menos famosa que a primeira é o do detetive Arbogast na escadaria da mansão onde morava Norman Bates, em que Hitchcock filma apenas o rosto assustado e ensaguentado do ator.
Outro aspecto importantíssimo desse filme na construção do medo é a trilha sonora, que fico a cargo de Bernard Herrmann, e é uma parte fundamental da cena do "assassinato no chuveiro" e também se consagrou como uma das mais conhecidade da história do cinema de horror e suspense, com uma sequência de acordes agudos e estridentes de violinos que se intensificam a medida que o clima de tensão, agonia e medo já existente entre assassino e vítima cresce. Herrmann foi um grande colaborador de Hitchcock, formando uma parceria não apenas em Psicose, mas em mais nove filmes.
O suspense e o medo causado pelo filme é um misto entre o uso da música forte e os efeitos da iluminação, que fazem com que a ansiedade do espectador aumente pouco a pouco enquanto o personagem não percebe que o perigo se aproxima, o espectador é cumplice do vilão, uma vez que os dados sobre o perigo são apresentados apenas ao espectador, e o personagem do filme não sabe, se encontra em total ignorância em relação aos fatos, criando a tensão sobre qual ocorrerá a reação do personagem ao descobrir. No filme, somente nós sabemos que a porta se entreabre, esperando que algo aconteça com o detetive enquanto sobe a escada. O detetive é morto pelo mesmo vulto que matou Marion, e na seguinte Norman leva a mãe nos braços até o porão o que nos sugere que quem é o assassino é a mãe de Norman.
Ao referir-se ao filme, Hitchcock diz: “Minha principal satisfação é que o filme agiu sobre o público, e essa é a coisa a que eu me agarrava muito durante a produção. Em Psicose o assunto me importa pouco, os personagens me importam pouco; o que me importa é a junção dos trechos do filme, a fotografia, a trilha sonora, e tudo aquilo que é puramente técnico, e que pode fazer o público urrar. Creio que é uma grande satisfação para nós utilizar a arte cinematográfica para criar uma emoção de massa, e com Psicose cumpri isso. Não foi uma grande interpretação que transtornou o público, não foi um romance muito apreciado que o cativou, o que o comoveu foi o filme puro”.
Líla, irmã de Marion, é quem encontra o cadáver do detetive e desvenda o místério. Ela sobe até os quartos, e abre a porta do quarto da senhora Bates, mas vê o lugar vazio e sem indícios de que estivesse sendo usado, pelo contrário, com indícios de que não é usado há muitos anos. Ela abre o closet, há roupas, na cômoda há um porta joias, se assusta com o reflexo no espelho, mesmo assim decide ir adiante, então sobe outra escada que conduz ao quarto de Norman que ainda se encontra com uma decoração infantil. Durante a invstigação pelo quarto dele, ela encontra livros sobre taxidermia, que estuda a anatomia das espécies e um disco com com a Heróica de Bethoveen na vitrola. Para ela, nenhum desses objetos, nem mesmo a decoração é suspeito, então sai do quarto, e desce, enquanto isso, o espectador sabe que Norman se aproxima da casa.
Lila escodida embaixo da escada, vê Norman chegando e indo para o quarto da mãe, enquanto ela vai para o porão onde encontra uma mulher sentada, de costas, a mão de Lila toca os ombros da mulher, virando-a para sua direção. E esse instante, a expressão dela é de pavor e grita. A Sra Bates está morta e embalsamada. O mesmo vulto que matara Marion e o detetive adentra pela porta com uma faca em posição de ataque, mas o namorado da irmã de Lila surge e desmascara o autor dos crimes.
No decorrer das investigações sobre o desaparecimento de Marion, o espectador toma consciência de que Norman é doente, ele é obcecado pela figura da mãe, ou seja, ele possui o que Freud denominou “complexo de Édipo”. Ele possui sua sexualidade reprimida pela figura materna. E na verdade o autor do crime não é sua mãe, mas ele travestido dela, que já está morta, é apenas um corpo empalhado como os seus pássaros. A voz da mãe, na verdade é a voz de Norman que desenvolve uma dupla personalidade, ele é ao mesmo tempo ele e a mãe, vive duas vidas, a dele e da sua mãe, mas na verdade não são duas, mas uma só, porque de acordo com a relação que possuiam, um precisava do outro para continuar.
Em Psicose, Hitchcock faz com que o espectador tenha uma inversão de valores. Primeiro com o roubo de Marion após o seu arrependimento e em seguida com Norman ao descobrirmos que ele é doente, e ao invés de termos ódio, o sentimento que sobressai é a pena. Ou seja, somos cumplices em todos os crimes da história e apagamos que houve um roubo, e duas mortes. Pensamos que quem cometeu tais crimes foi a mãe de Norman, então enquanto o detetive investiga, torcemos para que ele encontre o assassino, a mãe de Norman, e tememos pelo destino do filho.
Lacan retoma a visão freudiana sobre a psicose afirmando que a psicose é decorrente fundamentalmente da carência do pai, ou seja, explica no “Seminário 5” que tal carência deve ser compreendida não como a ausência física do pai, mas a carência de uma pessoa que exerça a função paterna. Para ele, é possível que o pai esteja presente quando na verdade não está.
Em outras palavras, após a morte do marido, a mãe o priva do contato com outras pessoas, tem ciúmes do filho, o toma com um amante, o único homem na sua vida desde a morte do marido e pai de Norman. Ou seja, a mãe não pode viver pelo filho, mas morre. E como fica o filho? Ele não pode viver sem a mãe, recebeu uma educação repressora, castradora e superprotetora, portanto para preencher a ausência da mãe, ele cria uma fantasia, sua psicose. E podemos observar traços dessa psicose já na conversa com Marion, na sala em que se encontravam as aves empalhadas, ao referir-se a mãe diz que a mãe é o melhor amigo de um garoto. Além da relação que ele faz entre a passividade dos pássaros empalhados com a suma mãe que também é empalhada, não só pela fantasia dele mas por agora estar submetida à sua vontade, já que quando ela estava viva, ela era voluntariosa e ele cumpria todas as vontades dela.
Psicose é extremamente freudiano.
PSICOSE (Psycho, Estados Unidos, 1960). Universal, 109 minutos, Preto & Branco
Direção: Alfred Hitchcock
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Joseph Stefano, baseado em livro homônimo de Robert Bloch
Produção: Alfred Hitchcock
Fotografia: John L. Russell
Música: Bernard Herrmann
Edição: George Tomasini
Direção de Arte: Robert Clatworthy e Joseph Hurley
Efeitos Especiais: Clarence Champagne
Elenco: Anthony Perkins (Norman Bates), Janet Leigh (Marion Crane), Vera Miles (Lila Crane), John Gavin (Sam Loomis), Martin Balsam (Detetive Milton Arbogast), John McIntire (Xerife Al Chambers), Simon Oakland (Dr. Richmond), Vaughn Taylor (George Lowery), Frank Albertson (Tom Cassidy), Lurene Tuttle (Eliza Chambers), Patricia Hitchcock (Caroline), John Anderson (Charlie), Mort Mills (Policial rodoviário), Francis De Sales, George Eldredge, Sam Flint, Virginia Gregg, Paul quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
LA CONTRIBUTION DES DEUX RÉGIMES TOTALITAIRES DE L'HISTOIRE MONDIALE - RÉVOLUTION FRANÇAISE ET SECONDE GUERRE MONDIALE – POUR LA CONTRIBUTION DE LA CONSTRUCTION DES DROITS DE L'HOMME.
Dans la période précédant la Révolution française, le sentiment de dégoût face à l’injustice sociale et à l’effervescence intellectuelle ont conduit au début de la révolution. Pendant cette période, il y avait peu de personnes qui avaient accès à des textes littéraires et philosophiques comme des textes de Rousseau, Montesquieu et Voltaire, mais il y avait une élite que avait accès à ces textes et a commencé à écrire des livres sur des textes philosophiques, que nous appelons aujourd’hui les commentateurs, avec l’intention de laisser les idées plus accessibles aux salons philosophiques, où de telles idées ont été discutées de façon démocratique. Mais il y avait aussi les idéologues qui non seulement écrivaient sur la situation dans lesquelles la population vivait, mais aussi ils ont proposé des solutions comme Robespierre, Danton et Marat qui imbu nourris d’idées philosophiques ont diffusé des propositions et ont commencé à enflammer le peuple révolutionnaire. La Révolution française est un exemple qui malgré de nobles idées, a conduit à un état contre son peuple et qu’elle a presque écrasé. Donc pour travailler sur la Révolution française, j’ai choisi les textes de Rousseau qui certainement est la référence la plus importante de cette période, en promouvant la philosophie des droits de l’homme, en dépit des critiques qui disent qu’ en fait, il avait une conception artificielle de la société pour parler de lui comme un philosophe « des droits de l’homme ».
Au XXe siècle, prés de deux siècles après la Révolution française, la Seconde Guerre mondiale se produit, dont la référence la plus importante sur le sujet est Hannah Arendt qui défend l’idée que le totalitarisme est une nouveauté, qui est devenu réalité seulement avec la Seconde Guerre mondiale, c'est-à-dire, pas de totalitarisme avant et donc il n’y a pas eu dans la Révolution française. L’Allemagne, avant de la situation dans son pays après la guerre la Premier Guerre Mondiale, est allé imprégnée du sentiment d’injustice qui a été considérées souffrir pour payer le identisation, remettre les territoires, désarmer et de s’excuser publiquement dont a fourni un terrain très fertile pour leurs idées aryennes se développer et que tout une nation avait d’accord avec leurs actions.
Cet événement a contribué à la formation des droits de l’homme due à une interaction entre les pays et tous les traités d’après guerre, depuis l’OTAN. Après la Première Guerre mondiale cela a été une tentative ratée, tandis qu’après la Seconde Guerre mondiale avec les mêmes pays qui composaient l’OTAN cela a échoué et a former une union plus forte pour la raison de l’Holocauste, car à travers les événements passés, on a pu en conclure qu’il s’agissait d’un problème non seulement avec ceux qui ont été impliqués, mais de toute l’humanité, et ainsi l’ONU s’est formé. Ces événements ont suscité à l’humanité un problème latent, et donc les principales déclarations des droits a eu lieu après la Seconde Guerre mondiale.
La question qui me guide est la suivante : les périodes au cours desquelles l’humanité a augmenté par rapport aux droits de l’homme et du droit international a donc été à l’époque totalitaire comme la Révolution Française et la Seconde Guerre mondiale ? Le philosophe a commencé par défendre les droits des hommes a devoir passé par une phase totalitaire, et que non seulement en vertu de cette phase ils ont pu réaliser leurs plans afin de contribuer à ce qui constitutionnellement est appelé les droits de la première génération: égalité, fraternité et liberté, qui aussi selon le slogan de la Révolution faisait écho à travers le monde et a inspiré la Révolution américaine et la Révolution en Amérique Latine.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
"MAUS" É MAUS? NÃO, "MAUS" É ÓTEMO !!!
Esse livro me foi recomendado por algumas pessoas, e a vontade de lê-lo era muito grande, mas há muito tempo eu tomei uma decisão, que ia conseguir sobreviver ao meu fraco por livros e só iria comprá-los quando tivesse a certeza de que teria tempo e disposição para lê-los, e foi muito estressante para mim, ter que abdicar de muitas leituras interessantes porque eu não ia conseguir ler. Nos últimos três anos estive estritamente vinculada a um mestrado que me sugou muito, me trouxe muitas preocupações, muito estresse, não só por cobranças externas, mas por uma cobrança mais rígida, minha cobrança pessoal. Enfim, desculpas a parte não justificam nada e o livro foi comprado, lido e por isso cá estou eu, disponibilizando uma parte do meu precioso tempo extremamente ocupado para escrever sobre minhas percepções. [Para aqueles que não entendem ironia, isso foi uma!!] Levei uma noite de sexta-feira para lê-lo e não me arrependo, valeu a pena.
A temática do livro gira em torno da II Guerra Mundial, da perseguição dos judeus pelos alemães, mas tratada de uma maneira diferente de todas as outras com que eu tive contato, muito já foi dito sobre o Holocausto, mas Maus não faz com que a guerra seja o pano de fundo para uma história principal, não é um documentário NatGeo ou da History Channel, não é um artigo acadêmico, nem jornalístico, é muito mais interessante, é quadrinho. E justamente por isso se pensaria que o assunto fosse amenizado, mas não, a história continua tensa e provoca indignação.
O texto de Maus vai mais além, não é apenas um quadrinho sobre a história de uma determinada família na II Guerra, quando em 1939, no dia 24 de outubro, tropas alemãs invadem a Polônia, mas mostra o percurso que o autor do quadrinho fez para obter tais informações, de como selecionou partes da história que seriam postas no quadrinho, além da sua preocupação na escolha dos personagens, na verdade, uma antropomorfização dos personagens em que os judeus são retratados como ratos, poloneses como porcos, os alemães como gatos, os americanos como cachorros e os franceses como sapos. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que mostra os horrores da guerra em que judeus são queimados em fornos, mostra a história de Vladek, um sobrevivente, que fala de suas experiências na guerra, a relação com seu único filho, Art, que escreve a história e sua namorada não judia e por isso não aceita 100% por seu pai, apesar de convertida. Além disso, ainda há a relação do autor com sua obra, biográfica e documentária, tentando um resgate da sua identidade com base nos acontecimentos que seus pais presenciaram. E tudo isso, através de metáforas.
Analisando algumas passagens do texto, percebe-se que as escolhas do autor para representar certos povos como determinados animais tem motivos. Esse processo metalingüístico que acompanha Maus se torna mais evidente ainda quando no livro 2, no início do capítulo 1, Art e sua namorada Françoise que não aparecera no livro 1, embora citada, conversam sobre qual animal ela quer ser, ela faz a opção pelo coelho, mas ele diz que o coelho é um animal muito dócil, o que deixa mais evidente que a escolha desses animais não foi feita de maneira aleatória, mas há um propósito, bastante inteligente e intrigante. Ao invés do coelho, ele escolhe para ela que é francesa, o sapo. Mas brinca ao sugerir colocar no quadrinho que ela é uma sapa, e portanto não judia, o que causaria um choque ao pai, e por isso recorrem ao um rato rabino que através de palavras mágicas a transforma em uma rata e assim... vivem felizes para sempre como em um conto de fadas, quando a princesa beija o sapo encantado que se transforma em um lindo príncipe, ela se transforma em uma judia. Essa parte é engraçada porque ele muda a identidade da namorada, como num passe de mágica. Mas também é problemático, ela passa todo o livro não como uma sapa, mas como uma rata, ou seja, como uma judia assim como Art e seu pai, o que nos remete a dois problemas, o preconceito e a identidade.
Mas há duas outras cenas no livro que me levam a fazer alguns questionamentos sobre essa mesma temática, a questão da identidade. A primeira ocorre antes da que supramencionei: em um dos muitos momentos de fuga para garantir sua sobrevivência os pais de Art, se disfarçam de poloneses, ou seja, usam máscaras de porcos para conseguirem ajuda e o pai dele ao contar essa situação diz “Eu estava um pouco protegido, ter casaco e botas, parecer gestapo de folga, mas Anja...dava para ver que ela era judeu. Eu estava com medo por ela”. No desenho, podemos ver ambos com as máscaras de porcos, mas só aparece o rabo de rato de Anja, interessantíssimo essa sacada, estava na cara, ou melhor, na traseira que ela não era polonesa, era judia. (p. 138).
A outra cena está relacionada ao Art, no capítulo 2 da segunda parte, ele está criando, fazendo seus quadrinhos, mas não é mais um rato, é um humano com máscara de rato, isso demonstra uma clara perda de identidade, ele não se vê mais como um judeu, e talvez isso esteja muito relacionado a perda do pai, que a pouco havia morrido. Nesse momento do texto, a morte do pai remete a uma outra passagem que também evidencia a sua busca identitária e que sem o pai ficara mais longe do que nunca das suas heranças, já que não conseguia manter diálogo quando sua mãe ainda era viva. E essa outra passagem que mencionei é quando Vladek descobre a história em quadrinhos que Art fez sobre a morte de Anja, sua mãe, e que inclusive ganhara um prémio, a história é bem forte e ele deixa bem claro que queria ter estado com eles durante a perseguição aos judeus, porque somente assim saberia o que eles viveram e se sentiria mais próximo de ambos.
Durante todo o percurso de feitura do livro, me parece que Art não quis realmente contar a história da sua família durante um período histórico importante como foi o da II Guerra Mundial, mas foi uma empreitada mais pessoal, ele quis resgatar a sua identidade, a história da sua família, conhecer melhor Anja, sua mãe, já que quando viva, ele não o fizera, e essa perda de oportunidade meio que o persegue. Ele tem uma relação complicada com o pai, mas me parece que ele não possui nem mesmo uma relação com a mãe, quer dizer, não possui nenhum, os motivos não são bem claros no livro. E essa personagem parece que ser tão rica e foi pouco explorada durante a história já que ele sabia poucas coisas ou na verdade nada da sua mãe, e talvez Vladek não quisesse expor um lado dela que não quisesse que o filho soubesse, sua tristeza, ou mais. No começo do livro, Vladek relata que ela se envolveu com comunistas, logo a pós o nascimento do primeiro filho, Ricogeu, em uma das cenas, ela está chorando, sua mãe pergunta o porquê do choro e ela responde: “Não sei! Tenho uma boa família...um bom filho...deveria estar feliz....Mas não me importa. Eu só não quero mais viver.” Vladek não entende. No entanto, mesmo com essa aparência de fragilidade, ela conseguiu sobreviver aos horrores da guerra, e me parece que só conseguiu tal feito por causa do amor por Vladek, mas através da história de Art percebe-se que ela não continua bem, mesmo depois da guerra, ela é uma pessoa triste, ou seja, ainda é aquela ratinha atormentada que precisa questionar os sentimentos dos seus, o que leva a Art questionar porque Anja é triste se ela tem tudo. Mas no fim, com o encontro de Anja, mãe de Art e seu marido Vladek, após os horrores do campo de concentração, percebemos que eles se amam, apesar de ela ser triste e ele ser uma pessoa difícil, sim... eles se amam.
E as possibilidades de interpretação desse texto, não se findam aqui.
sábado, 27 de novembro de 2010
"COM QUANTOS BRASIS SE FAZ UM BRASIL? COM QUANTOS BRASIS SE FAZ UM PAÍS? CHAMADO BRASIL!!! "
Em conversa por msn com uma amiga, perguntei o que ela achava de toda a polêmica após a eleição da futura presidenta Dilma Roussef e das palavras de preconceito e ódio direcionadas aos nordestinos que alguns creditam terem sido os determinantes da eleição.Ela respondeu que a mídia estava dando muita atenção porque afinal de contas são apenas palavras. De fato, concordo com ela, a mídia deu atenção demais, mas com enfoque errado e ao mesmo tempo, discordo dela, não são apenas palavras,são mais do que palavras, são idéias e tenho muito medo de idéias, principalmente da difusão rápida como ocorre na atualidade com a tecnologia que possuímos, em que tudo é tão instâtaneo. Épocas que não tinham o mesmo avanço tecnológico que o nosso, com a proliferação de idéias e um terreno fértil para o seu desenvolvimento fizeram estragos gigantescos na história mundial. Dentre os eventos da história mundial, destaco a Revolução Francesa e a II Guerra Mundial, ambas começaram com idéias que em um terreno fértil prosperaram e deram frutos, frutos podres marcados pela violência e o terror , apesar também terem dados bons frutos, como idéias que contribuíram para a formação de princípios universais dos direitos do homem e do cidadão, nos quais nossa atual sociedade está baseada, assim como o aperfeiçoamento dos direitos humanos. Mas será que para obter bons frutos devemos várias e várias safras de frutos podres? Ou podemos cuidar da nossa árvore?
Em outras palavras, foram as idéias que propiciaram tanto a Revolução Francesa quanto a II Guerra Mundial, e fizeram com que inúmeras pessoas aderissem a elas. Em período anterior a Revolução Francesa, o sentimeno era de revolta diante das injustiças sociais, foi a fermentação intelectual que propiciou o início da revolução. Nesse período eram poucos os que tinham acesso aos textos filosóficos como os de Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Diderot e outros, mas existia uma elite que tinha acesso a eles e que passou a redigir livros sobre os textos filosóficos, o que hoje no meio acadêmico chamamos de comentadores, passando a deixar as idéias mais acessíveis aos salões filosóficos, local onde tais idéias eram discutidas de maneira democrática. Mas havia também os ideologos, pessoas que não apenas escreviam sobre a situação pela qual viam que a população passava mas também proponham soluções, como Robespierre, Danton, Marat e outros...que imbuídos de idéias filosóficas e de propostas iniciaram a revolução ao inflamar o povo. A Revolução Francesa é um exemplo de como idéias apesar de nobres fizeram com que um Estado virasse contra o seu povo e quase o esmagasse. Imaginem o que idéias de preconceito e racismo como as declaradas por alguns poderia proporcionar se tivessem um terreno fértil para se desenvolver? Mas você não precisa usar muito da sua imaginação porque isso já ocorreu, quando e onde? II Guerra Mundial com o nazismo.
Já no século XX, quase dois séculos após a Revolução Francesa, ocorre a IIGM sob a liderança de Hitler, que diante da situação em que seu país passava após a I Guerra Mudial impregnados pelo sentimento de injustiça que acreditavam ter sofrido ao pagar idenização, entregar territórios, se desarmar e pedir desculpas publicamente propiciando um terreno extremamente fértil para que suas idéias arianas se desenvolvessem e que toda uma nação concordasse com os seus atos. De forma alguma quero comparar a situação de preconceito que ocorreu após as eleições desse ano nem com um evento e nem com outro, o que eu quero é alertar que idéias em um terreno fértil são perigosas e devem ser discutidas exaustivamente pela sociedade, principalmente nas escolas e universidades que são mecanismos de socialização e aprendizagem. Mas talvez isso não seja suficiente pois afinal de contas, as pessoas que deflagraram as palavras de ódio são teoricamente - e nesse momento acho que me repito um pouco – pessoas que fazem parte da elite intelectual brasileira uma vez que conseguiram entrar no ensino superior seja ele público ou privado o que não é uma realidade para a maioria da população brasileira.
Diante, da periculosidade das idéias, não podemos deixar situações como essa passar em branco como se não fosse nada. [Nem vou alertar para o fato de que tal ato de preconceito é considerado crime na nossa legislação brasileira.] Acredito que os anos passaram, mas certos esteriotipos ainda não foram desfeitos e devem ser desfeitos, quando as pessoas perguntam de onde sou e digo: “sou de Teresina, Piauí”, elas se surpreendem e exclamam: “Nossa, do Piauí? longe né?” Os que não são nordestinos ainda acham que a vida no Nordeste é uma vida dura, o que não deixa de ser uma verdade porque há muita pobreza ainda, mas pobreza não é sinônimo de atraso e nem mesmo de subdesenvolvimento seja ele cultural, econômico, educacional e político, não podemos generalizar acreditando que no nordeste não haja boas escolas, boas universidades, pessoas produtores de cultura e que pensam. Com isso não quero dizer de forma nenhuma que o Nordeste é uma Suiça, eu sei que não é, há muita pobreza, mas pobreza há em todo o país, claro que eu nunca vou poder comparar uma cidade do interior do nordeste a uma cidade do interior de São Paulo, que até mesmo por questões históricas, se desenvolveram de maneira diferentes. No entanto, também há pobreza no estado de São Paulo e isso não faz dele, um estado atrasado ou subdesenvolvido. Acredito que as pessoas que não conhecem o nordeste precisam conhecê-lo para constatar que ele é mais do que só pobreza e a indústria da seca, mas não precisam nem conhecer, basta se instruir melhor.
Parece que as pessoas que proliferaram tais idéias tem uma visão distorcida e decadente de dominador e dominado, de que o Sul do Brasil por possuir uma situação financeira melhor em relação a outras regiões brasileiras está em uma condição de dominador e o nordeste, de dominado como na época das colonizações em que Portugal era o dominador e “nós”, os dominados, quer dizer, mais precisamente os indígenas. Assim como na época das neo-colonizações,por exemplo, em que a Inglaterra era o dominador e a Índia, o dominado. E a primeira coisa que faziam ao entrar em contato com essas sociedades era impor sua língua, cultura e modo de viver, é basicamente isso que essa meia dúzia de pessoas demonstram com essas idéias em redes sociais, ou seja, apenas a sua região em uma situação econômica melhor e com pessoas melhor instruídas, sem pobreza, detém o conhecimento do que é melhor para o país e por isso devem impor sua vontade, mas quando isso não ocorre, como no caso em questão, demonstram que sofrem da “síndrome do filho único” e começam a chorar, fazer manha e por fim agredir até obterem o objeto do seu desejo.
Mas essas manifestações me deixam triste ao constar que o meu país não possui uma unidade, que a música “Sob o céu” do Lenine é apenas uma música, e mais nada: “Sob o mesmo céu, Cada cidade é uma aldeia. Uma pessoa! Um sonho, uma nação.Sob o mesmo céu. Meu coração não tem fronteiras,nem relógio, nem bandeira,só o ritmo de uma canção maior...A gente vem do tambor do Índio, a gente vem de Portugal, vem do batuque negro, a gente vem do interior e da capital, a gente vem do fundo da floresta, da selva urbana,dos arranha-céus, a gente vem do pampa, vem do cerrado, vem da megalópole, vem do Pantanal, a gente vem de trem, vem de galope, de navio, de avião, motocicleta, a gente vem a nado, a gente vem do samba, do forró, a gente veio do futuro, conhecer nosso passado...Brasil! Com quantos Brasis se faz um Brasil? Com quantos Brasis se faz um país? Chamado Brasil!A gente vem do rap, da favela, a gente vem do centro do subúrbio, da periferia, a gente vem da maré, das palafitas, vem dos Orixás da Bahia. A gente traz um desejo de alegria e de paz. E digo mais: A gente tem a honra de estar ao seu lado.A gente veio do futuro. Conhecer nosso passado...”
Será que essas pessoas não pertencem ao mesmo Brasil que eu pertenço? Será que é um Brasil ou vários? Será que meu Brasil é pior do que o deles? Será que o povo do meu Brasil não é digno de respeito?
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